Prêmio Camões 2025: angolana Ana Paula Tavares recebe honraria
A última quarta-feira, 8 de outubro de 2025, foi dia de celebrar. A angolana Ana Paula Tavares – poeta, cronista, pesquisadora, historiadora e Professora – conquistou o Prêmio Camões de Literatura 2025, o mais importante da língua portuguesa, destacando a presença e a voz das mulheres na literatura de língua portuguesa.

Ana Paula Tavares nasceu em Lubango, província de Huíla, no Sul de Angola, em 30 de outubro de 1952. A autora é historiadora e mestre em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, com doutorado em História e Antropologia. Com a vitória, Ana Paula Tavares é a segunda mulher africana e a primeira angolana a ganhar o Prêmio Camões.
Publicações no Brasil
No Brasil, publicou pela Editora Pallas a poesia reunida Amargos como os frutos e Verbetes para um dicionário afetivo, esse segundo com outros autores, como Ondjaki, Manuel Jorge Marmelo e Paulinho Assunção.

Sinopse retirada do site da editora: Durante os tempos das lutas pela libertação de Angola, uma significativa parcela dos poemas produzidos transformou-se em arma ideológica de combate ao colonialismo. A partir da independência, ao lado da literatura de exaltação nacional, marcada pelo discurso panfletário e anticolonialista, começaram a surgir novas vertentes poéticas que, sem negar a importância de um compromisso com as realidades nacionais, buscam em si outros ingredientes. Paula Tavares é uma dessas escritoras que cedem sua voz para expressar, com rebeldia e ternura, o clamor amargo das mulheres encarceradas em seu próprio silêncio. Além dos efeitos das muitas décadas de guerras em Angola, as mulheres sofreram também no próprio corpo a opressão do machismo, natural depois de tanto tempo enraizado na cultura local. A antologia poética Amargos como os frutos é a representação da voz feminina africana na sua individualidade, na sua feminilidade, na sua corporalidade. Palavras essenciais, intimistas e plurais, locais e universais, numa linguagem que registra e mistura crueldades e delicadezas. Paula Tavares é uma das poetisas contemporânea do período pós-independência angolana (11 de Novembro de 1975). Foi membro do júri do Prêmio Nacional de Literatura de Angola nos anos de 1988 a 1990 e responsável pelo Gabinete de Investigação do Centro Nacional de Documentação e Investigação Histórica, em Luanda, de 1983 a 1985. É também membro de diversas organizações culturais, como o Comitê Angolano do Conselho Internacional de Museus (ICOM) e o Comitê Angolano do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS), da Comissão Angolana para a UNESCO. Tanto a prosa quanto a poesia de Paula Tavares estão presentes em várias antologias em Portugal, no Brasil, na França, na Alemanha, na Espanha e na Suécia.

Sinopse retirada do site da editora: Este livro nasceu pelo e para o afeto das amizades. E está inconcluso, em progresso, porque, mesmo para o leitor, outros verbetes estarão nas vizinhanças das páginas, como que em revoo de pássaros. E é um livro da nossa língua, a nossa língua brasileira, angolana, portuguesa, diversa e única, cordas de muitos tons em um mesmo instrumento. Pela língua, a nossa língua, fotografamos as nossas memórias verdadeiras e inventadas, porque recriam o que já ficou tão distante e também não nos abandona.
Pela Editora Kapulana, o livro de crônicas Um rio preso nas mãos, livro da série Vozes da África, e participou da organização do livro CineGrafias angolanas: memórias & reflexões, ao lado da Professora Carmen Tindó Secco, da Professora Ana Mafalda Leite e do Professor José Octávio Van-Dúnem.

A obra é um conjunto de crônicas, dividida em 4 partes: “Ananapalavra”, “Iniciação”, “Mulheres” e “Culpa”. Os textos trazem reflexões sobre temas variados e retratam situações do cotidiano em Angola, mencionando questões do passado e do presente do país e do continente africano. Mostram uma forte relação entre literatura e política, o que nos leva a pensar a literatura como um ato de resistência.

Sinopse retirada do site da Editora: CineGrafias angolanas: memórias e reflexões é uma coletânea organizada por pesquisadores do Brasil, de Angola e de Portugal: Carmen Tindó Secco, Ana Paula Tavares, Ana Mafalda Leite e José Octávio Van-Dúnem. É um panorama vivo da história do cinema de Angola por meio de entrevistas, depoimentos e ensaios de profissionais e pesquisadores.
Para ouvir os poemas de Ana Paula Tavares
No portal, Lyrik Line, você encontra alguns poemas da autora lidos por ela. Vale a pena consultar o site e ouvir os poemas. Eu vou deixar o passo a passo de como você pode acessar o site e encontrar os poemas.
O Prêmio Camões
O Prêmio Camões de Literatura foi instituído em 1988 com o objetivo de consagrar um autor de língua portuguesa que, pelo conjunto de sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural de nossa língua comum. Ao longo de seus 37 anos, o Prêmio Camões destacou a relevância das literaturas africanas de língua portuguesa, ao premiar 8 autores do continente africano, sendo eles: José Craveirinha, Pepetela, Luandino Vieira, Arménio Vieira, Mia Couto, Germano Almeida, Paulina Chiziane e agora, em 2025, Ana Paula Tavares.
Os jurados nesta edição foram o professor José Carlos Seabra Pereira (Universidade de Coimbra – Portugal); a professora, poeta e ensaísta Ana Mafalda Leite (Universidade de Lisboa – Portugal); o professor Francisco Noa (Universidade Eduardo Mondlane – Moçambique); a professora e pesquisadora Lucia Santaella (PUC-SP, Brasil); o professor, historiador, advogado e membro da Academia Brasileira de Letras, Arno Wehling (Brasil); e o escritor e crítico literário Lopito Feijó, (Angola).